14 de julho de 2010

O negócio é achar graça!



Hoje irei plagiar o estilo do Zé Simão, colunista da Folha de S. Paulo. Sou fã dele e adoro o jeito como ele escreve sobre os “hits” do momento de forma crítica, ácida e divertida ao mesmo tempo. Aliás, meu sonho de consumo seria, um dia, ter uma coluna como a dele ou a da Bárbara Gancia (também da Folha). Vamos lá então!

Buemba!Buemba!Buemba! Palhaça proletária urgente! Direto do metrô de São Paulo...é, porque usar transporte público em São Paulo só sendo proletário e palhaço!

Descoberto o mistério da falta de motivação dos funcionários que usam transporte público: tente chegar ao trabalho com vontade de produzir depois de ser espremido, empurrado e jogado de um lado do outro por conta das freadas dos motoristas. Gestores, por favor, sabemos que vocês vão para o trabalho de carro, então, tenham mais paciência e esperem o funcionário REALMENTE chegar. A chegada ao trabalho é todo um processo: ligamos o computador, bebemos uma aguinha, lavamos as mãos para evitar a gripe suína, conversamos um pouquinho com os colegas para daííííííí começar a trabalhar. Não tem nada mais insuportável do que mal chegar e já ouvir o chefe perguntando se você fez isso ou aquilo. Será que não dá para perceber que acabamos de chegar?

Falando em motoristas, queria entender o motivo que faz com que os “maquinistas” do metrô freiem daquela forma. Você tem que fazer força para não cair para frente quando ele freia e força para não cair para trás quando ele pára. Aquilo é realmente necessário? Será que existe uma competição entre eles para ver quem faz o maior número de strikes?

Pensemos: normalmente ele freia daquele jeito porque “estamos esperando a movimentação do trem à frente”. Bom, se ele sabe que tem um trem a X metros à frente, porque simplesmente não anda mais devagar? Dessa forma não seria necessário frear como se estivesse levando um bando de bois para o matadouro. Ai minha lombar!

E brasileiro acha graça em tudo, até na desgraça. Uma tiazinha tentando ser simpática hoje no metrô, com todo mundo fazendo malabarismo para se manter em pé, diz: “A gente já faz alongamento logo cedo, né? Ou faz destroncamento também!” rá...rá...rá...hilário!

Extra! Extra! Notícia urgente! Belletti é o novo reforço do Fluminense...importante né? Li esta notícia na tv do metrô enquanto tentava respirar...achei interessante compartilhar com vocês.

Encerrando no melhor estilo Zé Simão: Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje, só amanhã! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

É isso aí, pessoal! Até a próxima.

1 de julho de 2010

A vida como ela é


Três fatos ocorridos esta semana me fizeram pensar ainda mais em que tipo de pessoas estamos nos transformando. Explico o motivo.

Ontem, 7 horas da manhã, metrozão de São Paulo (sempre o metrô). Entrei e como sempre estava cheio. Ok! Nenhuma novidade.

Uma senhora lia a bíblia. Que bonito! Tão raro hoje em dia...entretanto, de forma totalmente alheia ao mundo, ou seja, o livro aberto atrapalhava todos à sua volta, inclusive a mim, pois, ao invés de mantê-lo próximo ao corpo, o tratou como se fosse uma outra pessoa, bom, pelo menos ocupava o lugar de uma. Mas o problema maior não foi esse.

Entra outra senhora, de muletas. Como estávamos próximo à porta (eu e a religiosa) a senhora de muletas também estava próximo a nós. Numa tentativa desesperada de se segurar antes que o trem partisse e a derrubasse, ela gentilmente pediu licença à religiosa para poder se segurar na barra de apoio (lembram-se de que ela e o livro eram duas pessoas?).

Qual foi a reação de tão espiritualizada pessoa? Nenhuma! Simplesmente continuou lendo. Tanto eu quanto a senhora de muletas ficamos pasmas e graças a real bondade de outra pessoa que estava sentada, a senhora conseguiu sentar antes que caísse no trem.

Ai eu penso: do que adianta ler a bíblia se ela não pratica seus ensinamentos? Ou ela acha que ela terá um espaço no céu apenas por ler a bíblia? É igual àquelas pessoas que praticam maldade o ano todo e chega na Páscoa, não come carne porque é pecado...

Fato 2: Fui almoçar no Ragazzo, a comida italiana do Habib’s.

O local estava cheio, claro, e talvez por conta disso, os funcionários não viram quando uma menina de rua adentrou o restaurante. A menina deveria ter uns 13 anos, não estava mal vestida nem bem vestida, normal. Ela chegou de fininho, humilde, não chegou causando...

Veio até minha mesa pedindo algo para comer e antes mesmo que pudesse entender o que queria ou até mesmo responder vieram dois funcionários, de forma ríspida, para tirá-la de lá. Agarraram-na pelo braço e ela, imediatamente, começou a se debater. Confesso que todos ficamos sem reação. O funcionário a levou para a parte de cima do restaurante, provavelmente para não incomodar os clientes.

Ouvíamos apenas algumas vozes alteradas, não dava para entender o que falavam. De repente, duas funcionárias a pegam pelas pernas e braços e a levam para fora como quem leva um saco de batatas. A menina, em seu desespero e humilhação, se debatia sem parar. Depois de a colocarem do lado de fora, as portas foram fechadas para evitar que entrasse novamente.

Agora pergunto: precisava disso? Como disse, a menina chegou numa boa, sem criar problemas, estava com fome e foi pedir comida. Se os funcionários ou gerente colocassem meia dúzia de salgadinhos num saquinho e entregasse a ela, qual seria o prejuízo? R$ 5.00? Nem isso!

Ok, não dá para alimentar todos os famintos que pedem, senão o comércio e nós mesmos precisaríamos trabalhar para alimentar os sem-teto, mas humilhá-la daquela forma?
Certamente ela já foi refém de situações como essa milhares de vezes e por isso se defendia como um animalzinho acuado.

Se não queriam que ela entrasse, porque não fizeram nada lá na entrada? Precisava fazê-la passar por isso? Todos ficamos constrangidos e sem reação. Depois que tudo aconteceu, pensei que deveria ter a colocado numa mesa e pago tudo que quisesse comer. Ai certamente não a colocariam para fora como a um saco de batatas.

Por último, quando vinha para o trabalho hoje, lia um desses jornais diários entregues no metrô quando uma noticia me chamou a atenção.

Em uma das colunas do jornal, um leitor, servidor público de Vitória, indignado, perguntava por que os servidores federais do poder executivo foram tão menosprezados e desvalorizados pelo governo, após 35 anos de serviços prestados, recebendo uma aposentadoria de R$ 2.500,00.

R$ 2.500???? E ele está reclamando??? Será que ele tem idéia de qual é o salário de um aposentado no Brasil? Têm idosos que vivem com apenas um salário mínimo!!!! Claro que comparado com os salários dos políticos, R$ 2.500,00 é dinheiro de bala, mas vamos combinar que não é um salário tão ruim assim para o servidor se indignar tanto...estou errada?

Pois é gente, o que vejo é que a cada dia que passa, as pessoas se preocupam menos com os outros e mais consigo mesmas. O dinheiro é mais importante que tudo. Respeito e compaixão pelo próximo é besteira, o que importa mesmo é TER e não SER.

Triste o mundo que estamos deixando para as gerações futuras...triste!

É isso aí. Até a próxima!